Apresentação
“Achamo-nos em presença de um grande fato, que nenhum partido se atreverá a negar.
Por um lado, despertam para a vida algumas forças industriais e científicas de cuja existência nenhuma das épocas históricas precedentes poderia sequer suspeitar.
Por outro lado, existem alguns sintomas de decadência que superam de muito os horrores que registra a história dos últimos tempos do Império Romano.
Hoje em dia, tudo parece levar no seu seio a própria contradição.
Vemos que as máquinas, dotadas da propriedade maravilhosa de reduzir e tornarmais frutífero o trabalho humano, provocam a fome e o esgotamento do trabalhador.
As fontes de riqueza recém-descobertas se convertem, por arte de um estranho malefício, em fontes de privações.
Os triunfos da arte parecem adquiridos ao preço de qualidades morais.
O domínio do homem sobre a natureza é cada vez maior; mas, ao mesmo tempo, o homem se transforma em escravo de outros homens ou de sua própria infâmia.
Até a própria luz da ciência parece só poder brilhar sobre o fundo tenebroso da ignorância.
Todos os nossos inventos e progressos parecem dotar à vida intelectual as forças materiais, enquanto reduzem o ser humano ao nível de uma força material bruta.”
Estas foram as palavras de Karl Marx em discurso realizado em Londres em 1854, ou seja, há aproximadamente 160 anos.
Se não tivéssemos datado e personalizado, a fala de Marx poderia ser utilizada para descrever o atual momento em que vivemos.
Hoje, as máquinas, dotadas da propriedade maravilhosa de reduzir e tornar mais frutífero o trabalho humano, continuam provocando a fome e o esgotamento do trabalhador.
O conhecimento, a tecnologia e os processos de gestão apresentam, no início do terceiro milênio, um desenvolvimento espetacular, mas, ao mesmo tempo, o homem se transforma em escravo de outros homens ou de sua própria infâmia.
Um caminho para o rompimento com esta realidade encontra-se na democratização do conhecimento e no comprometimento do colaborador para otimizar os processos produtivos e a utilização de forma eficaz de bens, materiais e infraestrutura.
A sistematização do conhecimento na área organizacional, que teve seu berço no final do século XIX e início do século XX, apresenta atualmente mudanças estruturais, motivadas por uma nova concepção do ser humano, pela evolução do conceito Ações_Qualidade.indb 9 06/05/2014 12:50:27 X Ações para a qualidade ELSEVIER de globalização e da dinâmica das novas tecnologias, produzindo um novo modelo de sociedade.
A adaptação das organizações produtivas a este momento é urgente e imperiosa.
Mas, os caminhos para esta adaptação têm sido dificultados por processos de mudanças organizacionais não consistentes ou superficiais, que não têm introduzido os valores e conhecimentos necessários.
Muitos consultores, professores ou escolas de gestão ainda tentam inserir as novas tecnologias e modelos de gestão de forma segmentada ou utilizando uma estrutura ou paradigmas organizacionais já vencidos.
Evidentemente, os resultados a médio e longo prazos mostram-se desastrosos.
Hoje, no mundo produtivo, não é mais possível atingir resultados competitivos sem um conhecimento multidisciplinar atualizado, para a integração de toda a organização em torno de seu negócio.
Este livro apresenta uma metodologia para a busca da competitividade e de melhores resultados organizacionais:
a Gestão Integrada para a Qualidade – GEIQ.
A GEIQ é um modelo estratégico integrado e multidisciplinar, fundamentado em conhecimentos contemporâneos científicos e aplicados, através de quatro ações organizacionais para a busca de melhores resultados:
ações estratégicas;
ações estruturais;
ações comportamentais e ações operacionais.
O foco principal será a busca de melhores resultados nos processos produtivos através das ações operacionais, com a análise da confiabilidade e da utilização adequada e eficaz das ferramentas, técnicas, programas e métodos para a melhoria da qualidade.
A Metodologia Seis Sigma, idealizada pela Motorola, na década de 1980, e aplicada com eficácia pela GE, no final da década de 1990, será o norteador e motivador para utilização e aplicação da GEIQ e das consequentes ações organizacionais.
É importante deixar claro que a Metodologia Seis Sigma não se resume a uma aplicação de ferramentas ou técnicas estatísticas mais sofisticadas, como infelizmente muitos consultores, professores ou organizações têm apresentado.
A Metodologia Seis Sigma deve buscar a integração, a partir de uma nova base conceitual, através das ações organizacionais, com o foco nos objetivos e no negócio da organização.
A Gestão Integrada para a Qualidade – GEIQ será apresentada, neste livro, em duas partes.
A primeira parte será composta de dois capítulos:
– Capítulo 1: GEIQ – Metodologia para Melhoria dos Processos e da Qualidade.
– Capítulo 2: Análise dos Processos Empresariais para a Melhoria da Qualidade.
A segunda parte, “GEIQ: Ações Operacionais”, será apresentada em três capítulos:
– Capítulo 3: Ferramentas e Técnicas para a Melhoria dos Processos e da Qualidade.
– Capítulo 4: Confiabilidade, Análise e Prevenção das Falhas para a Melhoria dos Processos e da Qualidade.
– Capítulo 5: Programas e Métodos para a Melhoria dos Processos e da Qualidade.
Ações_Qualidade.indb 10 06/05/2014 12:50:27 Apresentação XI
As normas ISO 9000 (Sistema de Gestão da Qualidade), ISO 14000 (Sistema de Gestão Ambiental), ISO 26000, OHSAS 18000 (Sistema de Gestão da Segurança e da Saúde no Trabalho), SA 8000 (Sistema de Responsabilidade Social), CMMI (Modelo Integrado de Maturidade de Capacidade de Processo de Software), ONA (Organização Nacional de Acreditação) e o Prêmio Nacional da Qualidade – PNQ são apresentados nos anexos.
Dois outros anexos contemplam temas relevantes no atual contexto organizacional: os métodos de pesquisa aplicados à gestão da qualidade e à lei brasileira de defesado consumidor.